Todas as semanas, até a abertura da Caiçarada no dia 30 de Agosto, a Fundação Cultural de Ubatuba publicará uma entrevista com um conhecedor da cultura caiçara...
Categoria: Saúde - Publicado em 09-08-2013
Fonte:
Esta notícia foi lida 595 vezes
Todas as semanas, até a abertura da Caiçarada no dia 30 de Agosto, a Fundação Cultural de Ubatuba publicará uma entrevista com um conhecedor da cultura caiçara. Serão cinco perguntas, onde nossos convidados terão a chance de expressar o que representa a cultura tradicional do município do ponto de vista deles.
O primeiro da nossa lista é o mestre e poeta Domingos dos Santos, nascido em Ubatuba em 1963.
Encontramos Domingos na baía de Itaguá, com o mar como cenário. Lá, batemos um papo sobre a cultura caiçara, a juventude e o evento que se aproxima.
Domingos dos Santos, que já escreveu dois livros de poesia, mas diz não gostar de se entitular um poeta, contou que nasceu em Maranduba, onde ficou até os 4 anos. Depois, mudou para a praia da Fortaleza, de onde guarda a maior parte de suas lembranças.
Chegou a morar seis anos na capital paulista, na época em que cursou geografia na Universidade de São Paulo – USP. Hoje, é professor de ensino médio, onde diz que ensina, mas também aprende diariamente.
Nos contou que até os doze anos, vivia da pesca e da roça junto com a família, e que foi da convivência com o avô, que criou gosto pelo modo caiçara de vida.
Quando perguntamos se um dia ele sairia de Ubatuba, disse que “só se fosse obrigado”.
Aqui você confere uma seleção de poesias de Domingos dos Santos, do livro Peixe-Palavra.
Cachoeira do céu
Na casa de meu avô
quem sempre nos deu
a água de beber
é uma cachoeirinha
que brota de uma grota
entre pedras, raízes e caetês,
que alimenta um córrego
de guarus, cobras d’água e pitus.
Uma queda d’água tão bonitinha,
com um rumorejar tão baixinho,
parecendo que foi feita por Deus,
quando ainda era menino.
Recordação
Eu me lembro
de uma cozinha
com mesa e bancos
pra reunir a família,
pra contar histórias,
pra jogar dominó,
pra bebericar um café
feito no fogão a lenha
e as telhas,
e os caibros,
e as ripas,
e as lembranças,
cheios de picumã.
O meio natural
Chapéu de fibra de bananeira,
balaio de cipó timbopeva,
barquinho de caixeta,
covo de taquara,
esteira de taboa,
corda da entrecasca da embaúba,
canoa de timbuíba,
casa de pau-a-pique,
teto de sapé,
fogo de tacuruba,
flechas da haste do ubá,
ubá de Ubatuba.
Categoria: Saúde - Publicado em 09-08-2013
Fonte:
Esta notícia foi lida 595 vezes
Todas as semanas, até a abertura da Caiçarada no dia 30 de Agosto, a Fundação Cultural de Ubatuba publicará uma entrevista com um conhecedor da cultura caiçara. Serão cinco perguntas, onde nossos convidados terão a chance de expressar o que representa a cultura tradicional do município do ponto de vista deles.
O primeiro da nossa lista é o mestre e poeta Domingos dos Santos, nascido em Ubatuba em 1963.
Encontramos Domingos na baía de Itaguá, com o mar como cenário. Lá, batemos um papo sobre a cultura caiçara, a juventude e o evento que se aproxima.
Domingos dos Santos, que já escreveu dois livros de poesia, mas diz não gostar de se entitular um poeta, contou que nasceu em Maranduba, onde ficou até os 4 anos. Depois, mudou para a praia da Fortaleza, de onde guarda a maior parte de suas lembranças.
Chegou a morar seis anos na capital paulista, na época em que cursou geografia na Universidade de São Paulo – USP. Hoje, é professor de ensino médio, onde diz que ensina, mas também aprende diariamente.
Nos contou que até os doze anos, vivia da pesca e da roça junto com a família, e que foi da convivência com o avô, que criou gosto pelo modo caiçara de vida.
Quando perguntamos se um dia ele sairia de Ubatuba, disse que “só se fosse obrigado”.
Aqui você confere uma seleção de poesias de Domingos dos Santos, do livro Peixe-Palavra.
Cachoeira do céu
Na casa de meu avô
quem sempre nos deu
a água de beber
é uma cachoeirinha
que brota de uma grota
entre pedras, raízes e caetês,
que alimenta um córrego
de guarus, cobras d’água e pitus.
Uma queda d’água tão bonitinha,
com um rumorejar tão baixinho,
parecendo que foi feita por Deus,
quando ainda era menino.
Recordação
Eu me lembro
de uma cozinha
com mesa e bancos
pra reunir a família,
pra contar histórias,
pra jogar dominó,
pra bebericar um café
feito no fogão a lenha
e as telhas,
e os caibros,
e as ripas,
e as lembranças,
cheios de picumã.
O meio natural
Chapéu de fibra de bananeira,
balaio de cipó timbopeva,
barquinho de caixeta,
covo de taquara,
esteira de taboa,
corda da entrecasca da embaúba,
canoa de timbuíba,
casa de pau-a-pique,
teto de sapé,
fogo de tacuruba,
flechas da haste do ubá,
ubá de Ubatuba.