Foto:René Nakaya
Pessoas que viveram na época em que o presídio funcionava
na Ilha guiarão turistas em trilhas históricas
Procurando diversificar as opções de lazer para o público visitante da Ilha Anchieta, a diretoria do Parque Estadual, em parceria com a Prefeitura de Ubatuba, através da Secretaria de Turismo, organizou o Programa de Turismo Ambiental “Verão Floresta e Mar”. O programa consiste em roteiros turísticos alternativos para esta temporada de verão. As atividades acontecem a partir do dia 4 de janeiro, de quinta a domingo, até o dia 28 e nos dias 17, 18, 19 e 20 de fevereiro, sempre com horários pré-estabelecidos. (confira a tabela de roteiros no final desta matéria)
Os roteiros incluem trilhas realizadas com monitoria capacitada e o visitante pode optar entre fazer passeios de interpretação ambiental, nos quais os monitores passam informações diversas sobre o ecossistema local, ou um passeio histórico-cultural, onde o turista terá a oportunidade única de conhecer a história da famosa rebelião do presídio que funcionava na Ilha, contada por pessoas que viveram ali naquela época.
Os “filhos da Ilha” , como são chamadas as pessoas que moravam na Ilha na época do funcionamento do presídio e da rebelião de 1952, acompanharão grupos pré-agendados, por uma trilha que passa por oito pontos de interpretação, entre eles as ruínas do presídio, a capela (onde na época aconteciam os casamentos e batizados), ruínas do quartel, da vila militar e da vila civil.
Já as trilhas de interpretação ambiental proporcionam a oportunidade de conhecer melhor a flora e a fauna da ilha, com monitores ambientais capacitados para o acompanhamento de grupos.
Diferencial
“O principal diferencial do momento é a presença daqueles que viveram na época do presídio: os sobreviventes da rebelião sendo contadores de histórias. Quanto às trilhas ambientais, esta é a primeira vez que os turistas que procuram as praias ou mergulho têm a oportunidade de conhecer também a floresta, ou como chamamos aqui, ‘as profundezas da Ilha Anchieta’. Tem muita gente que conhece a Ilha há tempos, mas não conhece suas trilhas”, diz a diretora do Parque Estadual da Ilha Anchieta, Viviane Buchianeri.
Para o secretário municipal de Turismo, Luiz Felipe Azevedo, “o Parque Estadual da Ilha Anchieta é o nosso principal cartão de visitas. Assim como o Bondinho está para o Rio de Janero, a Ilha está para Ubatuba: ela é um dos principais pontos turísticos, independentemente da existência das trilhas. Porém, este novo projeto vem ressaltar e enaltecer o trabalho da direção do Parque que está oferecendo a oportunidade de o turista ter contato com o ambiente silvestre, mesmo dentro de uma Unidade de Conservação”.
A Secretaria de Turismo está apoiando o Programa “Verão Floresta e Mar” com a produção de banners, folhetos e camisetas.
Agendamento e orientações
É importante o visitante saber que existem horários fixos para as saídas e número limitado de pessoas por grupo, para que não haja impacto ambiental na Ilha. Ao desembarcar no píer do Parque Estadual da Ilha Anchieta, o visitante é recepcionado por um monitor que passa as principais informações sobre o Parque e oferece as opções de roteiro, se ainda houver vaga nos grupos. Os interessados também poderão agendar suas visitas com antecedência, por telefone ou por e-mail.
Outra orientação ao visitante é que ele vá preparado para as trilhas, ou seja, com roupas leves, de preferência calça e camiseta, tênis, protetor solar, repelente e óculos de sol. Como não há restaurante ou lanchonete na Ilha Anchieta, recomenda-se levar também lanches, frutas e água.
A taxa de visitação ao Parque está inclusa no preço pago pelos visitantes que forem de escunas; as trilhas são gratuitas. Os que chegarem à Ilha com embarcações particulares poderão adquirir seus ingressos na administração do Parque por R$ 2,00.
Mais uma opção
Apesar de não se tratar de um novo atrativo, a trilha subaquática oferecida próximo ao costão rochoso da Ilha Anchieta é mais uma interessante opção de passeio para o visitante. Com cerca de 400 metros de comprimento, a trilha é feita com o acompanhamento de monitores e proporciona a oportunidade de apreciar algas, corais, estrelas-do-mar, peixes e parte do ecossistema da região. O trajeto é demarcado e acompanhado por bote inflável, equipado por bóias de salvamento e salva-vidas.
A principal intenção deste tipo de trilha é oferecer um contato direto entre o homem e o mar, despertando a admiração e o conseqüente respeito pelo ambiente marinho e seu ecossistema. As trilhas subaquáticas também funcionam com agendamento prévio e acontecem até o dia 31 de janeiro, diariamente.
A rebelião
Em 20 de junho de 1952 ocorreu a rebelião que foi considerada a maior do mundo e a mais famosa do século 20, chefiada pelo sentenciado João Pereira Lima. Na época, 453 presidiários cumpriam pena no Instituto Correcional da Ilha Anchieta.
Nesta ocasião a situação do presídio político era muito precária. A revolta, planejada com requintes de detalhes, foi iniciada na manhã pelos presidiários responsáveis pelo transporte de lenha. Sem despertar qualquer suspeita, eles se encaminharam para o ponto da Ilha chamado “Pedra do Navio”, onde deveriam recolher a lenha cortada na véspera e levá-la para a fornalha do presídio. Os guardas que escoltavam os presidiários foram dominados e mortos e, em atividades simultâneas, de acordo com o plano muito bem articulado, foi dado início à rebelião e à chacina, resultado do embate entre presos e soldados. Além de mortos e feridos, as instalações foram depredadas e móveis e arquivos foram queimados. Após a rebelião, os presos rebelados foram julgados na própria Ilha, em fórum especialmente constituído para tal fim.
Os “Filhos da Ilha”
“Filhos da Ilha” é o nome como as cerca de 250 pessoas que nasceram, moraram e/ou trabalharam na Ilha Anchieta na época da rebelião são carinhosamente conhecidas. Anualmente elas se encontram na Ilha, em meados de junho, em um evento que reúne os sobreviventes, familiares e amigos do trágico acontecimento de 1952.
Neste inovador programa de trilha histórico-cultural, algumas destas pessoas estão trabalhando voluntariamente, simplesmente pelo prazer de rememorar os fatos e poder preservá-los, transmitindo para os visitantes a fascinante história que envolve a rebelião do presídio da Ilha Anchieta.
Dionéia da Cruz é uma das “filhas da Ilha” e, hoje, aos 61 anos, ainda lembra com riqueza de detalhes seus dias na Ilha Anchieta, onde nasceu e seu pai trabalhava como guarda civil. Dionéia tinha sete anos de idade quando aconteceu a rebelião. “Naquela época nós éramos os presos e eles os livres”, conta Dionéia, se referindo aos presidiários, já que ela e seus irmãos não podiam sair de casa para brincar enquanto eles estavam pela Ilha, antes do toque de recolher.
Outro “filho da Ilha” que participa do programa é o Soldado Chagas, que estava de serviço no quartel quando tudo aconteceu e continuou na Ilha Anchieta por mais três anos após a rebelião. Chagas lembra dos acontecimentos e os transmite de tal forma que faz com que o visitante sinta-se mais próximo da realidade da Ilha, ao ver um senhor falando daquilo que ele mesmo viu, com os olhos atentos de quem passava as noites acordado para vigiar o presídio.
Paixão pela história
Apesar de não ser oficialmente um “filho da Ilha”, o coordenador do projeto da trilha histórico-cultural é o Tenente Samuel Messias de Oliveira. Ele não trabalhou no Instituto Correcional da Ilha Anchieta, mas em diversos outros presídios, como o Carandiru, a Febem e o Instituto de Reeducação de Tremembé. Neste último, conheceu João Pereira Lima, o líder da rebelião e teve contato com policiais e soldados. A paixão pela história da rebelião fez do tenente um dos maiores conhecedores dos detalhes do acontecimento e autor do livro “Ilha Anchieta - Rebelião, Fatos e Lendas”, que já está na terceira edição.
Mais informações sobre as trilhas e o Parque Estadual da Ilha Anchieta podem ser obtidas pelo telefone (12) 3832-9059. Quem tiver maior interesse na história da rebelião tem no livro “Ilha Anchieta – Rebelião, Fatos e Lendas”, de autoria do Tenente Samuel Messias de Oliveira, uma ótima opção de entretenimento, cultura e resgate histórico. Este livro pode ser adquirido com o autor, nos finais de semana, na própria Ilha Anchieta, ou pelo e-mail tenentesamueldailha@ig.com.br.
Horários
Roteiros Turísticos
|
Tempo de duração |
Horários |
Qtde. de Monitores |
Trilha da Praia do Sul
|
02H30 |
Das 10H00 às 12H30 14H00 às 16H30 |
01 |
Trilha da Represa
|
01H00 |
Das 09H00 às 10H00 10H30 às 11H30 15H00 às 16H00 |
02 |
Trilha do Saco Grande
|
02H00 |
Das 09H30 às 11H30 14H00 às 16H00 |
01
|
Histórico Cultural – Ruínas do Presídio
|
01H00 |
Das 09H00 às 10H00 11H00 às 12H00 13H00 às 14H00 15H00 às 16H00
|
02 |
(Fonte: Assessoria de Comunicação – PMU)
Foto:René Nakaya
Foto:René Nakaya
Pessoas que viveram na época em que o presídio funcionava
na Ilha guiarão turistas em trilhas históricas
Procurando diversificar as opções de lazer para o público visitante da Ilha Anchieta, a diretoria do Parque Estadual, em parceria com a Prefeitura de Ubatuba, através da Secretaria de Turismo, organizou o Programa de Turismo Ambiental “Verão Floresta e Mar”. O programa consiste em roteiros turísticos alternativos para esta temporada de verão. As atividades acontecem a partir do dia 4 de janeiro, de quinta a domingo, até o dia 28 e nos dias 17, 18, 19 e 20 de fevereiro, sempre com horários pré-estabelecidos. (confira a tabela de roteiros no final desta matéria)
Os roteiros incluem trilhas realizadas com monitoria capacitada e o visitante pode optar entre fazer passeios de interpretação ambiental, nos quais os monitores passam informações diversas sobre o ecossistema local, ou um passeio histórico-cultural, onde o turista terá a oportunidade única de conhecer a história da famosa rebelião do presídio que funcionava na Ilha, contada por pessoas que viveram ali naquela época.
Os “filhos da Ilha” , como são chamadas as pessoas que moravam na Ilha na época do funcionamento do presídio e da rebelião de 1952, acompanharão grupos pré-agendados, por uma trilha que passa por oito pontos de interpretação, entre eles as ruínas do presídio, a capela (onde na época aconteciam os casamentos e batizados), ruínas do quartel, da vila militar e da vila civil.
Já as trilhas de interpretação ambiental proporcionam a oportunidade de conhecer melhor a flora e a fauna da ilha, com monitores ambientais capacitados para o acompanhamento de grupos.
Diferencial
“O principal diferencial do momento é a presença daqueles que viveram na época do presídio: os sobreviventes da rebelião sendo contadores de histórias. Quanto às trilhas ambientais, esta é a primeira vez que os turistas que procuram as praias ou mergulho têm a oportunidade de conhecer também a floresta, ou como chamamos aqui, ‘as profundezas da Ilha Anchieta’. Tem muita gente que conhece a Ilha há tempos, mas não conhece suas trilhas”, diz a diretora do Parque Estadual da Ilha Anchieta, Viviane Buchianeri.
Para o secretário municipal de Turismo, Luiz Felipe Azevedo, “o Parque Estadual da Ilha Anchieta é o nosso principal cartão de visitas. Assim como o Bondinho está para o Rio de Janero, a Ilha está para Ubatuba: ela é um dos principais pontos turísticos, independentemente da existência das trilhas. Porém, este novo projeto vem ressaltar e enaltecer o trabalho da direção do Parque que está oferecendo a oportunidade de o turista ter contato com o ambiente silvestre, mesmo dentro de uma Unidade de Conservação”.
A Secretaria de Turismo está apoiando o Programa “Verão Floresta e Mar” com a produção de banners, folhetos e camisetas.
Agendamento e orientações
É importante o visitante saber que existem horários fixos para as saídas e número limitado de pessoas por grupo, para que não haja impacto ambiental na Ilha. Ao desembarcar no píer do Parque Estadual da Ilha Anchieta, o visitante é recepcionado por um monitor que passa as principais informações sobre o Parque e oferece as opções de roteiro, se ainda houver vaga nos grupos. Os interessados também poderão agendar suas visitas com antecedência, por telefone ou por e-mail.
Outra orientação ao visitante é que ele vá preparado para as trilhas, ou seja, com roupas leves, de preferência calça e camiseta, tênis, protetor solar, repelente e óculos de sol. Como não há restaurante ou lanchonete na Ilha Anchieta, recomenda-se levar também lanches, frutas e água.
A taxa de visitação ao Parque está inclusa no preço pago pelos visitantes que forem de escunas; as trilhas são gratuitas. Os que chegarem à Ilha com embarcações particulares poderão adquirir seus ingressos na administração do Parque por R$ 2,00.
Mais uma opção
Apesar de não se tratar de um novo atrativo, a trilha subaquática oferecida próximo ao costão rochoso da Ilha Anchieta é mais uma interessante opção de passeio para o visitante. Com cerca de 400 metros de comprimento, a trilha é feita com o acompanhamento de monitores e proporciona a oportunidade de apreciar algas, corais, estrelas-do-mar, peixes e parte do ecossistema da região. O trajeto é demarcado e acompanhado por bote inflável, equipado por bóias de salvamento e salva-vidas.
A principal intenção deste tipo de trilha é oferecer um contato direto entre o homem e o mar, despertando a admiração e o conseqüente respeito pelo ambiente marinho e seu ecossistema. As trilhas subaquáticas também funcionam com agendamento prévio e acontecem até o dia 31 de janeiro, diariamente.
A rebelião
Em 20 de junho de 1952 ocorreu a rebelião que foi considerada a maior do mundo e a mais famosa do século 20, chefiada pelo sentenciado João Pereira Lima. Na época, 453 presidiários cumpriam pena no Instituto Correcional da Ilha Anchieta.
Nesta ocasião a situação do presídio político era muito precária. A revolta, planejada com requintes de detalhes, foi iniciada na manhã pelos presidiários responsáveis pelo transporte de lenha. Sem despertar qualquer suspeita, eles se encaminharam para o ponto da Ilha chamado “Pedra do Navio”, onde deveriam recolher a lenha cortada na véspera e levá-la para a fornalha do presídio. Os guardas que escoltavam os presidiários foram dominados e mortos e, em atividades simultâneas, de acordo com o plano muito bem articulado, foi dado início à rebelião e à chacina, resultado do embate entre presos e soldados. Além de mortos e feridos, as instalações foram depredadas e móveis e arquivos foram queimados. Após a rebelião, os presos rebelados foram julgados na própria Ilha, em fórum especialmente constituído para tal fim.
Os “Filhos da Ilha”
“Filhos da Ilha” é o nome como as cerca de 250 pessoas que nasceram, moraram e/ou trabalharam na Ilha Anchieta na época da rebelião são carinhosamente conhecidas. Anualmente elas se encontram na Ilha, em meados de junho, em um evento que reúne os sobreviventes, familiares e amigos do trágico acontecimento de 1952.
Neste inovador programa de trilha histórico-cultural, algumas destas pessoas estão trabalhando voluntariamente, simplesmente pelo prazer de rememorar os fatos e poder preservá-los, transmitindo para os visitantes a fascinante história que envolve a rebelião do presídio da Ilha Anchieta.
Dionéia da Cruz é uma das “filhas da Ilha” e, hoje, aos 61 anos, ainda lembra com riqueza de detalhes seus dias na Ilha Anchieta, onde nasceu e seu pai trabalhava como guarda civil. Dionéia tinha sete anos de idade quando aconteceu a rebelião. “Naquela época nós éramos os presos e eles os livres”, conta Dionéia, se referindo aos presidiários, já que ela e seus irmãos não podiam sair de casa para brincar enquanto eles estavam pela Ilha, antes do toque de recolher.
Outro “filho da Ilha” que participa do programa é o Soldado Chagas, que estava de serviço no quartel quando tudo aconteceu e continuou na Ilha Anchieta por mais três anos após a rebelião. Chagas lembra dos acontecimentos e os transmite de tal forma que faz com que o visitante sinta-se mais próximo da realidade da Ilha, ao ver um senhor falando daquilo que ele mesmo viu, com os olhos atentos de quem passava as noites acordado para vigiar o presídio.
Paixão pela história
Apesar de não ser oficialmente um “filho da Ilha”, o coordenador do projeto da trilha histórico-cultural é o Tenente Samuel Messias de Oliveira. Ele não trabalhou no Instituto Correcional da Ilha Anchieta, mas em diversos outros presídios, como o Carandiru, a Febem e o Instituto de Reeducação de Tremembé. Neste último, conheceu João Pereira Lima, o líder da rebelião e teve contato com policiais e soldados. A paixão pela história da rebelião fez do tenente um dos maiores conhecedores dos detalhes do acontecimento e autor do livro “Ilha Anchieta - Rebelião, Fatos e Lendas”, que já está na terceira edição.
Mais informações sobre as trilhas e o Parque Estadual da Ilha Anchieta podem ser obtidas pelo telefone (12) 3832-9059. Quem tiver maior interesse na história da rebelião tem no livro “Ilha Anchieta – Rebelião, Fatos e Lendas”, de autoria do Tenente Samuel Messias de Oliveira, uma ótima opção de entretenimento, cultura e resgate histórico. Este livro pode ser adquirido com o autor, nos finais de semana, na própria Ilha Anchieta, ou pelo e-mail tenentesamueldailha@ig.com.br.
Horários
Roteiros Turísticos
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Tempo de duração |
Horários |
Qtde. de Monitores |
Trilha da Praia do Sul
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02H30 |
Das 10H00 às 12H30 14H00 às 16H30 |
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Trilha da Represa
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01H00 |
Das 09H00 às 10H00 10H30 às 11H30 15H00 às 16H00 |
02 |
Trilha do Saco Grande
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02H00 |
Das 09H30 às 11H30 14H00 às 16H00 |
01
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Histórico Cultural – Ruínas do Presídio
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01H00 |
Das 09H00 às 10H00 11H00 às 12H00 13H00 às 14H00 15H00 às 16H00
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(Fonte: Assessoria de Comunicação – PMU)
Foto:René Nakaya