A recepção ao turista é o principal cartão postal da cidade
Categoria: Concursos - Publicado em 23-05-2005
Fonte:
Esta notícia foi lida 319 vezes
Receber bem. Este é o mandamento número um de qualquer localidade que pretenda ser uma filial do paraíso na Terra para divertir e fazer descansar a máquina humana. A recepção ao turista é o principal cartão postal da cidade e envolve desde a criação de uma competente central de informações da Prefeitura até o atendimento impecável no posto de saúde. "A boa impressão é conquistada quando a cidade consegue fazer o turista conjugar sem gaguejar seus cinco verbos preferidos: comprar, passear, comer, dormir e divertir-se bem".
O envolvimento da comunidade de Ubatuba é passo decisivo na boa acolhida ao turista. A relação humana dessa indústria de gente atendendo gente supera até a importância dos equipamentos de ponta ou das paisagens deslumbrantes. "Ubatuba precisa trabalhar a auto-estima e o orgulho do morador para atingi-lo em torno da meta de desenvolver o turismo”.
Do taxista ao dono da pousada, do gerente e garçons do restaurante à florista que entrega buquês em domicílio, todos precisam ser enlaçados por esta indústria sem chaminé. Só em 2003, 1,5 mil pessoas foram capacitadas em turismo com recursos da Prefeitura em parceria com a Unitau. Além do turismo de lazer, vocação natural de Ubatuba por atrair público de municípios do próprio Estado de São Paulo e que ocupa em torno de 70% dos hotéis e pousadas, Ubatuba jamais investiu em projetos de infra-estrutura receptiva do turismo. Além da notória falta de verba da Prefeitura para investir em infra-estrutura, o que se investiu foi deveras equivocado e em nada resultou em benefício da cidade.
Fazer os moradores participarem e usufruírem da renda gerada pelo turismo também é recomendado. Se mal planejadas, as programações de lazer e entretenimento acabam concentrando a receita em poucos beneficiários e trazem ônus à cidade, como degradação ecológica, trânsito, poluição sonora e da água, desabastecimento no comércio e infra-estrutura insuficiente que pode gerar relacionamento precário entre hotel e hóspede ou entre restaurantes e clientes. Sem falar em transformações nas ocupações profissionais. "Se a população só ficar com as desvantagens, vai boicotar o turista". E exemplos não faltam.
Treinamento da comunidade é a importante viga de sustentação da atividade turística. Do morador abordado para informar sobre o hotel mais próximo às polícias Civil e Militar e a Guarda Municipal que fazem ronda nas ruas, todos devem ser treinados como agentes de turismo, como disseminadores de informações sobre a região. Curitiba montou verdadeira brigada entre a população para transformar a qualidade de vida da cidade em um produto turístico. As profissões diretamente ligadas ao setor envolvem tecnólogos em hotelaria, economistas, lojistas, vendedores, floristas, garçons, policiamento e, obviamente, os guias turísticos dentro e fora das agências de viagem.
Ubatuba , que, possui grande parte do território protegido por parques e estações ecológicas, a categoria de monitor ambiental é a que mais deveria estar em alta. "É fundamental no ecoturismo que membros da comunidade sejam capacitados como monitores. Eles conhecem a própria cultura e geografia como ninguém, além de ser importante fator de fixação da população local" . Além de treinados sobre como receber o turista e atendimentos de primeiros-socorros, os monitores são pagos pelas próprias pousadas do local ou por grupos de visitantes. "Em Ubatuba poderíamos explorar a região de mananciais estimulando proprietários para que transformem suas áreas particulares em atrações turísticas. Poderiam ser compensados com isenção de impostos", por exemplo.
Descobrir outros símbolos fortes de Ubatuba ou quais as novas vocações podem ser potencializadas – além das usuais e sabidas - é outro mandamento básico. É impossível vender Ubatuba somente como destino de praia e surf. Além de rara beleza natural, muitos outros atrativos podem ser potencializados através da própria comunidade “organizada” e pró-ativa em benefício do turismo local. Mas vale lembrar que grupelhos interessados somente no “poder” e no próprio benefício financeiro tem prejudicado muitas comunidades do município. É preciso ficar atento e expurgá-los de qualquer tentativa de infiltração. Felizmente, Ubatuba tem muitos empresários sérios e sua comunidade sempre pleiteou a participação no processo de desenvolvimento local, sem muito sucesso nos últimos dois anos.
A Mata Atlântica é isca apetitosa, para desenvolver o turismo de aventura e o ecoturismo, ideais para fazer pipocar seletos grupos em um segmento altamente atrativo e consumido por turistas do mundo inteiro.
Outra excelente alternativa que ainda vai empurrar a região para frente é o turismo de negócios. A região tem como principal vantagem, a proximidade com a Capital, maior promotora de eventos empresariais do País e com infra-estrutura insuficiente para dar conta da demanda. Talvez aqui, o melhor exemplo seja a constituição de um “convention bureau” local. Por ser o centro da economia na América Latina, em especial do Mercosul, o Brasil é considerado um dos três mais importantes destinos para realização de feiras de negócios nas Américas, atrás apenas de Estados Unidos e Canadá. Mas não enxergamos isto.....”O participante de um evento conhece a cidade a trabalho, mas pode voltar a lazer com a família. O Parque Estadual da Serra do Mar é algo inimaginável na Europa. Eles não têm nada semelhante, e pode inserir Ubatuba no circuito Guarujá-Campos do Jordão que geralmente os executivos percorrem antes de pegar o avião de volta”.
Até a próxima semana.
Sérgio Carvalho - Consultor de Turismo e Hotelaria
sergio.ubatuba@itelefonica.com.br
Categoria: Concursos - Publicado em 23-05-2005
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Esta notícia foi lida 319 vezes
Receber bem. Este é o mandamento número um de qualquer localidade que pretenda ser uma filial do paraíso na Terra para divertir e fazer descansar a máquina humana. A recepção ao turista é o principal cartão postal da cidade e envolve desde a criação de uma competente central de informações da Prefeitura até o atendimento impecável no posto de saúde. "A boa impressão é conquistada quando a cidade consegue fazer o turista conjugar sem gaguejar seus cinco verbos preferidos: comprar, passear, comer, dormir e divertir-se bem".
O envolvimento da comunidade de Ubatuba é passo decisivo na boa acolhida ao turista. A relação humana dessa indústria de gente atendendo gente supera até a importância dos equipamentos de ponta ou das paisagens deslumbrantes. "Ubatuba precisa trabalhar a auto-estima e o orgulho do morador para atingi-lo em torno da meta de desenvolver o turismo”.
Do taxista ao dono da pousada, do gerente e garçons do restaurante à florista que entrega buquês em domicílio, todos precisam ser enlaçados por esta indústria sem chaminé. Só em 2003, 1,5 mil pessoas foram capacitadas em turismo com recursos da Prefeitura em parceria com a Unitau. Além do turismo de lazer, vocação natural de Ubatuba por atrair público de municípios do próprio Estado de São Paulo e que ocupa em torno de 70% dos hotéis e pousadas, Ubatuba jamais investiu em projetos de infra-estrutura receptiva do turismo. Além da notória falta de verba da Prefeitura para investir em infra-estrutura, o que se investiu foi deveras equivocado e em nada resultou em benefício da cidade.
Fazer os moradores participarem e usufruírem da renda gerada pelo turismo também é recomendado. Se mal planejadas, as programações de lazer e entretenimento acabam concentrando a receita em poucos beneficiários e trazem ônus à cidade, como degradação ecológica, trânsito, poluição sonora e da água, desabastecimento no comércio e infra-estrutura insuficiente que pode gerar relacionamento precário entre hotel e hóspede ou entre restaurantes e clientes. Sem falar em transformações nas ocupações profissionais. "Se a população só ficar com as desvantagens, vai boicotar o turista". E exemplos não faltam.
Treinamento da comunidade é a importante viga de sustentação da atividade turística. Do morador abordado para informar sobre o hotel mais próximo às polícias Civil e Militar e a Guarda Municipal que fazem ronda nas ruas, todos devem ser treinados como agentes de turismo, como disseminadores de informações sobre a região. Curitiba montou verdadeira brigada entre a população para transformar a qualidade de vida da cidade em um produto turístico. As profissões diretamente ligadas ao setor envolvem tecnólogos em hotelaria, economistas, lojistas, vendedores, floristas, garçons, policiamento e, obviamente, os guias turísticos dentro e fora das agências de viagem.
Ubatuba , que, possui grande parte do território protegido por parques e estações ecológicas, a categoria de monitor ambiental é a que mais deveria estar em alta. "É fundamental no ecoturismo que membros da comunidade sejam capacitados como monitores. Eles conhecem a própria cultura e geografia como ninguém, além de ser importante fator de fixação da população local" . Além de treinados sobre como receber o turista e atendimentos de primeiros-socorros, os monitores são pagos pelas próprias pousadas do local ou por grupos de visitantes. "Em Ubatuba poderíamos explorar a região de mananciais estimulando proprietários para que transformem suas áreas particulares em atrações turísticas. Poderiam ser compensados com isenção de impostos", por exemplo.
Descobrir outros símbolos fortes de Ubatuba ou quais as novas vocações podem ser potencializadas – além das usuais e sabidas - é outro mandamento básico. É impossível vender Ubatuba somente como destino de praia e surf. Além de rara beleza natural, muitos outros atrativos podem ser potencializados através da própria comunidade “organizada” e pró-ativa em benefício do turismo local. Mas vale lembrar que grupelhos interessados somente no “poder” e no próprio benefício financeiro tem prejudicado muitas comunidades do município. É preciso ficar atento e expurgá-los de qualquer tentativa de infiltração. Felizmente, Ubatuba tem muitos empresários sérios e sua comunidade sempre pleiteou a participação no processo de desenvolvimento local, sem muito sucesso nos últimos dois anos.
A Mata Atlântica é isca apetitosa, para desenvolver o turismo de aventura e o ecoturismo, ideais para fazer pipocar seletos grupos em um segmento altamente atrativo e consumido por turistas do mundo inteiro.
Outra excelente alternativa que ainda vai empurrar a região para frente é o turismo de negócios. A região tem como principal vantagem, a proximidade com a Capital, maior promotora de eventos empresariais do País e com infra-estrutura insuficiente para dar conta da demanda. Talvez aqui, o melhor exemplo seja a constituição de um “convention bureau” local. Por ser o centro da economia na América Latina, em especial do Mercosul, o Brasil é considerado um dos três mais importantes destinos para realização de feiras de negócios nas Américas, atrás apenas de Estados Unidos e Canadá. Mas não enxergamos isto.....”O participante de um evento conhece a cidade a trabalho, mas pode voltar a lazer com a família. O Parque Estadual da Serra do Mar é algo inimaginável na Europa. Eles não têm nada semelhante, e pode inserir Ubatuba no circuito Guarujá-Campos do Jordão que geralmente os executivos percorrem antes de pegar o avião de volta”.
Até a próxima semana.
Sérgio Carvalho - Consultor de Turismo e Hotelaria
sergio.ubatuba@itelefonica.com.br